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Mensagens

Lá, onde o vento chora - Delia Owens

  Esta é a história de Kya, uma menina de 6 anos que se vê abandonada pela sua mãe, e, pouco a pouco, por toda a sua família. Durante trezentas e noventa páginas acompanhamos o crescimento desta menina, tanto a nível físico, como a nível psicológico. A razão do abandono gradual de toda a família prende-se com um pai alcoólico e violento. Após a partida da mãe (imagem que me ficará para sempre na memória) e, posteriormente, dos irmãos, Kya é deixada à mercê do pantanal e do mundo. O pantanal é um meio marginalizado e é, no seio da natureza selvagem, que assistimos à evolução desta criança. O que torna o livro tão bonito é esta dualidade entre inocência e consciência. Ora vemos uma criança que trava amizade com as gaivotas e coleciona penas de aves, ora vemos uma criança “dona de casa”, responsável pela sua sobrevivência. É a consciência do abandono, mas a felicidade por ser livre. Livre de convencionalismos, mas não livre de preconceitos. Chamada de “miúda do pantanal” Kya sofre n...
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Morreste-me - José Luís Peixoto

  Morreste-me é uma obra de ficção com apenas 60 páginas, mas com um peso emocional do tamanho do mundo. É um texto honesto, intimista, marcante e profundamente doloroso. O título deste livro, conjugado com um pronome, padece de uma falha gramatical que apenas demonstra a intensidade e a desordem que o sentimento de perda causa no protagonista. Esta desordem perpassa em toda a obra, seja a nível de construção frásica, seja a nível do conteúdo. Estamos perante um protagonista dilacerado pela morte do pai. Há dois momentos que se intercalam nesta narrativa, ou seja, os dias marcados pela doença gradual do pai “doía-me a vida, doía-me a vida que em ti se negava, a vida a gastar-te, ainda que a amasses, a vida a derrubar-te, ainda que a amasses” e os dias após a morte do pai “tudo o que te sobreviveu me agride.” É impossível ficar indiferente a este grito de lamento. É impossível não sentir a dor visceral que o protagonista sente. A vida do pai termina e dói saber que o mundo c...

Compaixão – Jodi Picoult

“se o amor da sua vida lhe pedisse ajuda para morrer, que faria?” Cam é comandante da policia numa pequena cidade em Massachusetts. Tem uma vida tranquila e pacata até ao dia em que é confrontado com uma realidade inesperada. O seu primo Jamie confessa que matou a mulher, por compaixão. Dividido entre o que é correto e ético e com o peso da família nos ombros, Cam detém o primo. É a partir desta premissa que duas ações se vão desenrolar, em simultâneo. Por um lado, assistimos à decadência gradual do casamento entre Cam e Allie, por o outro, à construção da defesa de Jamie em tribunal para provar que cometeu um crime por compaixão. Maggie sofre de cancro em fase terminal e sofre diariamente. Já não se reconhece na sua própria pele. Durante os últimos meses da sua vida, pede ao marido que, por compaixão, ponha fim ao seu sofrimento. Este nega o seu pedido pois não quer perder a mulher que ama. Porém, a pessoa que está ao seu lado já não é a mesma mulher de outrora. Vencido pelo cansaço, ...

O dia em que perdemos a cabeça - Javier Castillo

O título e a capa deste livro contribuem para nos interessarmos, desde logo, por esta leitura. As cores, a imagem e o jogo de palavras sugerem uma aura de mistério que estará, de facto, presente ao longo de toda a narrativa. O dia em que perdemos a cabeça é uma alusão literal e psicológica que toma parte de toda a ação do livro. Nesta narrativa confluem três ações diferentes que tem lugar em espaços e tempos diferentes. Estas ações são delimitadas pela alternância de capítulos. Os capítulos são curtos e muito intensos o que acaba por deixar o leitor muito atento e sedento de mais história. A premissa “principal” é insólita. Um homem caminha nu com uma cabeça na mão no dia 24 de dezembro. As teorias surgem, de imediato e à velocidade da luz. Somos arrastados para uma atmosfera de mistério, sem que inicialmente, consigamos perceber muito. Como seria de esperar, e sem oferecer resistência, este homem é preso e levado para interrogatório. A investigação posterior é conduzida pelo ...

Tudo o que nunca fomos - Alice Kellen

  Quando vi a sinopse deste livro achei que fosse mais uma história cheia de drama e clichês mas não podia estar mais enganada. Este livro foi uma agradável surpresa porque aborda temas difíceis de uma forma suave e bonita. Leah e Oliver veem a sua vida virada do avesso quando os pais morrem num acidente de carro. As consequências são devastadoras e muito diferentes em ambos. Oliver “obriga-se” a crescer e mascara a dor através das responsabilidades assumindo a posição de tutor da irmã, ao passo que Leah, mergulha num estado de isolamento e de profunda apatia. Leah que sempre adorou pintar a vida de todas as cores, deixa de o fazer. Com contas para pagar e com a responsabilidade de garantir um futuro para a irmã, Oliver aceita uma proposta de trabalho longe de casa. Axel, o melhor amigo de Oliver, aceita “tomar conta de Leah” durante a sua ausência. Axel tem agora uma missão. Resgatar Leah, fazê-la voltar a acreditar nas cores que a vida tem. Mostrar que podemos renascer ap...

Recomeçar Again – Mona Kasten

  Liberdade. Este é o propósito de Allie Harper quando muda de cidade e de vida. Allie sonha com este dia há muito. O dia em que finalmente se torna independente e recomeça um novo ciclo da sua vida. Porém, Allie precisa de uma sitio para morar, várias são as casas que visita, mas só uma parece ser a certa. O apartamento de Kaden White. Kaden é intragável, à primeira vista e talvez à segunda e à terceira. Ele dita um conjunto de regras que terão de ser respeitadas para a vivência de ambos. Contudo, há sentimentos à espreita e nem sempre será fácil respeitar os limites. Esperava mais desta leitura. Tanto pelas opiniões que já tinha ouvido, como pelo romance em si, pois quem consegue resistir a um bad boy mas com um coração do tamanho do mundo? Tal não se verificou. Achei a história muito fraquinha e demasiado previsível. Os personagens têm pouca densidade e, quase sempre, vivem num melodrama diário. Apesar de ser um YA, pende exageradamente para o young. Creio que a ún...

Flores - Afonso Cruz

“viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias.” é com esta lição que embarcamos nesta história sobre a vida. e não falo sobre a vida num sentido generalizado, como fala a maioria dos livros, a vida que aqui é falada toca-nos o coração. esteticamente este livro é uma obra de arte. é um livro com uma capa preta dura, sem grandes floreados, apenas com o título e o nome do autor. o título, à priori sem grandes segredos, emana um significado bastante profundo. ainda no seguimento da estética do livro, os capítulos curtos e as primeiras palavras de cada capítulo em destaque, contribuem para uma leitura interessante, fluída e que nos deixa absortos. confesso que é um livro que sublinhei bastante, aliás, este é um livro para ser sublinhado. tem pensamentos e raciocínios que constituem grandes lições de vida, pelo que é realmente impossível ficar indiferente. a história conta com duas ações pa...