“viver não tem
nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o
oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias.”
é com esta lição
que embarcamos nesta história sobre a vida. e não falo sobre a vida num sentido
generalizado, como fala a maioria dos livros, a vida que aqui é falada toca-nos
o coração.
esteticamente
este livro é uma obra de arte. é um livro com uma capa preta dura, sem grandes
floreados, apenas com o título e o nome do autor. o título, à priori sem
grandes segredos, emana um significado bastante profundo. ainda no seguimento
da estética do livro, os capítulos curtos e as primeiras palavras de cada
capítulo em destaque, contribuem para uma leitura interessante, fluída e que
nos deixa absortos.
confesso que é
um livro que sublinhei bastante, aliás, este é um livro para ser sublinhado.
tem pensamentos e raciocínios que constituem grandes lições de vida, pelo que é
realmente impossível ficar indiferente.
a história conta
com duas ações paralelas que, a dada altura, se cruzam e se fundem. à medida
que uma ganha força, peso e medida, a outra vai-se diluindo, até se perder.
esta é a
história de um homem estremecido pela rotina. um homem mergulhado no vazio
existencial e na dor de estar onde não queria estar. procura o significado da vida no espelho. procura,
avidamente, um propósito para sair da estagnação em que se encontra.
tudo muda na
vida de Kevin quando conhece e trava amizade com um vizinho, aparentemente estranho,
mas que irá revolucionar a sua vida.
quando o Sr.
Ulme perde a memória devido a um aneurisma, Kevin declara “como não conseguia
resolver a minha vida, decidi continuar a recuperar a do senhor Ulme." e é aqui
que começa uma jornada de redenção e de autoconhecimento. Com a veia
jornalística a pulsar, ele decide procurar a família do Sr. Ulme e fazer várias
perguntas para tentar reconstruir a história do seu amigo.
ao fim de algum
tempo e após um casamento desfeito, o protagonista consegue invocar várias
memórias e histórias da vida do Sr. Ulme. umas mais, outras menos felizes,
porém é esse último reduto de vida que lhe traz felicidade e esperança aos dias
que se aproximam. “não vou perder tempo a morrer enquanto posso estar vivo”.
Flores deixa-nos emotivos. Faz-nos refletir
sobre a nossa condição e sobre o caminho que queremos seguir. Deixa-nos também
uma certeza “o mundo, quer-me parecer, é muito mais um sorriso ou uma flor a
abanar ao vento do que um terramoto, um monumento de pedra ou um grand canyon.”
a felicidade não
é sobre tudo o que vemos de muito grandioso, é sobre pequenos gestos, é sobre
sentir que fizemos e continuamos a fazer a diferença na vida de alguém.
a felicidade não
é aquilo que imaginamos. a felicidade é um conjunto de pequenas coisas que
juntas preenchem cada pedacinho do nosso coração.
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