“se o amor da sua vida lhe pedisse ajuda para morrer, que
faria?”
Cam é comandante da policia numa pequena cidade em
Massachusetts. Tem uma vida tranquila e pacata até ao dia em que é confrontado
com uma realidade inesperada. O seu primo Jamie confessa que matou a mulher,
por compaixão. Dividido entre o que é correto e ético e com o peso da família
nos ombros, Cam detém o primo.
É a partir desta premissa que duas ações se vão desenrolar,
em simultâneo. Por um lado, assistimos à decadência gradual do casamento entre
Cam e Allie, por o outro, à construção da defesa de Jamie em tribunal para
provar que cometeu um crime por compaixão.
Maggie sofre de cancro em fase terminal e sofre diariamente.
Já não se reconhece na sua própria pele. Durante os últimos meses da sua vida,
pede ao marido que, por compaixão, ponha fim ao seu sofrimento. Este nega o seu
pedido pois não quer perder a mulher que ama. Porém, a pessoa que está ao seu
lado já não é a mesma mulher de outrora. Vencido pelo cansaço, Jamie decide
aceder, finalmente, ao desejo da esposa.
É feito um contraponto entre ambas as relações. Se por um
lado vemos um casamento em desgaste e marcado pela traição, por o outro vemos a
felicidade de duas pessoas despedaçada pelo destino e pelo infortúnio.
A iminência da morte é algo que atormenta o ser humano.
Pensar nisso, ter a consciência de que somos finitos é inquietante, porém como
devemos nós reagir quando a morte se apresenta diante da pessoa que mais
amamos?
Cada página que li fez-me pensar e refletir. Ninguém merece
sofrer assim, além da dor física, cresce uma dor profunda de não saber quando
será o fim. É demasiado doloroso passar por esta situação. Mas até que ponto,
estaríamos dispostos a fazer o mesmo que Jamie se acontecesse connosco?
Este livro, habilmente escrito, levanta questões morais, mas
sobretudo questões do coração.
Apesar da temática da eutanásia e de toda a controvérsia inerente,
Picoult tem um estilo muito delicado e sublime. A autora conseguiu construir
uma história verosímil sem nunca cair no dramatismo exagerado.
E é este o objetivo da literatura, fazer-nos refletir e tornarmo-nos cidadãos mais conscientes. Conhecer o mundo em todas as suas variantes e tonalidades.
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