Laranja de Sangue - Harriet Tyce

Acerca deste livro, na sua capa consta que é o thriller mais chocante do ano, inclusive é feito um paralelismo com a autora Paula Hawkins. Posto isto, estava com as expectativas bastante elevadas. Porém, apesar de chocante, estava à espera de mais.

Este livro incide bastante na vida Allison que é a personagem principal desta história. Associados a ela, vão desfilando um conjunto de personagens com quem não consegui criar empatia. Creio que o mais interessante talvez seja isso mesmo, o facto de os personagens não serem dotados de boas caraterísticas. Não há ninguém inocente, não há ninguém puro. À exceção da pequena Matilda que está completamente alheada de tudo que a rodeia.

Decorrem, portanto, duas ações, uma principal centrada no quotidiano de Allison e em todos os seus dramas, e uma segunda ação, mais secundária, que se prende com um caso de homicídio que lhe foi atribuído (Allison é advogada). Num momento inicial, tudo aponta para que o mistério se desenrole à volta deste homicídio, porém tudo é desmistificado de uma forma muito frouxa. Ou seja, o verdadeiro “thriller” reside nas relações fracassadas de Allison e nas consequências advindas de um casamento infeliz, onde reina a traição. É de salientar a grande temática deste livro, as relações abusivas entre casais.

A narração é muito fluída e a história é viciante. É um desafio muito grande criar um personagem como Allison mas HarrietTyce conseguiu construir uma personagem cuja densidade é intensa e dramática. As más decisões de Allison culminam sempre em cenários de caos e isso prende muito o leitor. Como cresce em nós uma vontade enorme de antecipar o final, consumimos ferozmente esta história.

Contudo, o final ficou um pouco aquém. Apesar de insólito, foi algo que se foi adivinhando gradualmente. Algumas questões ficaram por explicar, creio. Ou então não foram exploradas devidamente, de forma a enriquecer o thriller.

Apesar destes pequenos (grandes) pormenores, de uma forma geral, aconselho imenso a sua leitura e fiquei satisfeita com a redenção de Allison.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Tudo o que nunca fomos - Alice Kellen

Quando vi a sinopse deste livro achei que fosse mais uma história cheia de drama e clichês mas não podia estar mais enganada. Este livro foi uma agradável surpresa porque aborda temas difíceis de uma forma suave e bonita. Leah e Oliver veem a sua vida virada do avesso quando os pais morrem num acidente de carro. As consequências são devastadoras e muito diferentes em ambos. Oliver “obriga-se” a crescer e mascara a dor através das responsabilidades assumindo a posição de tutor da irmã, ao passo que Leah, mergulha num estado de isolamento e de profunda apatia. Leah que sempre adorou pintar a vida de todas as cores, deixa de o fazer. Com contas para pagar e com a responsabilidade de garantir um futuro para a irmã, Oliver aceita uma proposta de trabalho longe de casa. Axel, o melhor amigo de Oliver, aceita “tomar conta de Leah” durante a sua ausência. Axel tem agora uma missão. Resgatar Leah, fazê-la voltar a acreditar nas cores que a vida tem. Mostrar que podemos renascer ap...

Ler mais

Recomeçar Again – Mona Kasten

Liberdade. Este é o propósito de Allie Harper quando muda de cidade e de vida. Allie sonha com este dia há muito. O dia em que finalmente se torna independente e recomeça um novo ciclo da sua vida. Porém, Allie precisa de uma sitio para morar, várias são as casas que visita, mas só uma parece ser a certa. O apartamento de Kaden White. Kaden é intragável, à primeira vista e talvez à segunda e à terceira. Ele dita um conjunto de regras que terão de ser respeitadas para a vivência de ambos. Contudo, há sentimentos à espreita e nem sempre será fácil respeitar os limites. Esperava mais desta leitura. Tanto pelas opiniões que já tinha ouvido, como pelo romance em si, pois quem consegue resistir a um bad boy mas com um coração do tamanho do mundo? Tal não se verificou. Achei a história muito fraquinha e demasiado previsível. Os personagens têm pouca densidade e, quase sempre, vivem num melodrama diário. Apesar de ser um YA, pende exageradamente para o young. Creio que a ún...

Ler mais

O dia em que perdemos a cabeça - Javier Castillo

O título e a capa deste livro contribuem para nos interessarmos, desde logo, por esta leitura. As cores, a imagem e o jogo de palavras sugerem uma aura de mistério que estará, de facto, presente ao longo de toda a narrativa. O dia em que perdemos a cabeça é uma alusão literal e psicológica que toma parte de toda a ação do livro. Nesta narrativa confluem três ações diferentes que tem lugar em espaços e tempos diferentes. Estas ações são delimitadas pela alternância de capítulos. Os capítulos são curtos e muito intensos o que acaba por deixar o leitor muito atento e sedento de mais história. A premissa “principal” é insólita. Um homem caminha nu com uma cabeça na mão no dia 24 de dezembro. As teorias surgem, de imediato e à velocidade da luz. Somos arrastados para uma atmosfera de mistério, sem que inicialmente, consigamos perceber muito. Como seria de esperar, e sem oferecer resistência, este homem é preso e levado para interrogatório. A investigação posterior é conduzida pelo ...

Ler mais

pages on the wall

Pesquisar neste blogue