Eleanor e Park é uma narrativa centrada em dois adolescentes, de mundos muito distintos. O que nós não previmos é que estes dois adolescentes roubariam um pedacinho do nosso coração. A história de Eleanor e Park tem o dom de nos deixar imersos nas nossas memórias mais bonitas e felizes. Faz-nos reviver todos os amores e dramas da nossa própria adolescência.
O inicio da narrativa coincide com o final da mesma. E bem no meio encontra-se uma história contada em analepse que remonta a Agosto de 1986.
Se o amor fosse algo convencional, estes dois protagonistas nunca se iriam cruzar, porém o amor tem “razões que a própria razão desconhece” (citando Camões) e como tal, Eleanor e Park mostram-nos que a inadaptação é um motivo de união. Neste livro há algumas questões culturais que se prendem, pois Park é um jovem coreano num meio americano. Há questões racistas inerentes e, para as quais somos obrigados a repensar. Porém, há algo muito extraordinário que brota mesmo no epicentro de toda a desgraça. É um amor inocente e puro. É um amor que vai além fronteiras. É um amor que nasceu para vencer.
Apesar das inseguranças e das incertezas, apesar da falta de estrutura da familia de Eleanor, eles ultrapassam todos os obstáculos juntos. Eleanor e Park fazem-nos relembrar que o amor é invencível e cura todas as feridas.
Faz-nos viajar a um tempo de paixão assolapada e de sensação de morrer de amor mas, ao mesmo tempo, viver por amor. É, de facto, a contradição mais complexa de toda a condição humana.
Raibow Rowell é mestre na criação de atmosferas românticas. Descreve tudo com pormenor mas sem cair no aborrecimento. A fluidez é um traço muito próprio da sua narrativa, conta-nos tudo de uma forma muito leve mas repleta de sentimento.
O fim é inesperado, chega a ser um murro no estômago. Mas creio que a ultima frase contém umas graminhas de esperança. A autora deixa tudo um pouco em aberto, o que permite ao leitor desenhar o destino dos personagens.
Na minha opinião, o amor vence sempre no final. E até consigo imaginar quais foram as duas palavrinhas que ficaram por dizer.
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