Como
o próprio título sugere, este romance terá como premissa principal questões do
coração, na sua forma mais literal mas também metafórica.
Quatrocentos
dias passam após um acontecimento mais trágico na vida de Quinn, uma jovem que
perde o namorado num acidente. É através desta contagem dos dias que sentimos
empatia pela situação de Quinn e, inclusive, sentimos a sua dor como sendo
nossa.
Cinco
orgãos de Trent são doados, inclusive, o orgão mais primordial, o coração.
Quinn decide escrever cartas aos recetores dos orgãos, pois crê que é a única
forma de ultrapassar o trauma e seguir em frente. Porém, há uma única pessoa
que não responde à sua carta. O recetor do coração.
Quinn
lança-se numa missão para tentar descobrir mais sobre esta pessoa que ficou com
o coração da pessoa que mais amava. Sente uma necessidade absurda de o conhecer
como se, de alguma forma, ele pudesse substituir Trent. Partindo do pressuposto
que o coração é o mesmo, apenas com a particular diferença do corpo ser
diferente.
Sem
pretensões de o conhecer, apenas avistá-lo, o destino troca-lhe os planos e
eles acabam por se cruzar. À medida que o tempo vai passando e os sentimentos
se vão aflorando, também a culpa se vai agudizando. Tanto por sentir que está a
trair Trent com alguém novo, como pela mentira, pois Colton não sabe quem é
verdadeiramente Quinn.
Quinn
tem pela frente uma luta intensa com o seu coração. Por um lado, não quer
esquecer Trent, o primeiro grande amor da sua vida, por o outro, Colton
representa a liberdade e a descoberta de um novo mundo de sensações, o
despertar para um novo amor.
Estará
Quinn disposta a deixar o amor entrar? Ou ficará para sempre relutante e presa
ao passado?
O
livro é muito fácil de ler porque é constituído por capítulos curtos,
precedidos por citações sobre o coração, enquanto orgão vital. Este facto
denota algum trabalho de investigação por parte da autora que teve um cuidado
extraordinário ao trazer ao leitor informações bastante pertinentes.
No
entanto, uma história que tinha uma boa premissa acabou por se tornar num melodrama aborrecido
e sem qualquer novidade. A história tinha imenso potencial, como comprovam as
primeiras duas páginas de “prólogo”. Porém, a essência da história acabou por
se manter demasiado linear e com personagens pouco exploradas. E é sempre
triste esta sensação de uma história ficar aquém, quando não era expectável.
Coisas
que nos diz o coração é um romance que nos mostra, essencialmente, o poder do
amor e os efeitos contraditórios que ele tem sobre nós. Citando Luís de Camões,
“o amor tem razões que a própria razão desconhece”.
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